O Feijão Verde é uma batata podre




O dia tinha começado a correr.
O Tiago recebeu, uns dias antes, um convite de um amigo para ir ao seu aniversário, no feijão verde.
Apesar de estarmos fora de Coimbra, planeámos a tarde para podermos vir ao aniversário.

Ainda não tinha comprado o presente, mas sendo o feijão verde no Coimbra Shopping, facilmente se resolvia essa situação.
Estes aniversários são oportunidades para reforçar ligações entre as crianças, fora do ambiente escolar.
Os pais, também reforçam relações.

Este não foi o caso, pois foi uma corrida desde manhã e, depois de ver que o espaço era seguro, decidi ir para casa adiantar trabalho.
Primeiro, dei os parabéns aos pais, e questionei a menina que estava ao balcão a que horas deveria ir buscar o meu filho.
Informou-me que poderia ir busca-lo entre as 17h30 e as 18h00.
Informei os pais do aniversariante que traria o presente quando viesse buscar o Tiago, que já estava em plena brincadeira.
Fui trabalhar para casa, que fica relativamente perto.

Às 16h50 resolvi sair, para comprar a prenda e ainda conviver um pouco com outros pais.
Fui ao Continente. Nesse sábado à tarde, toda a gente tinha ido ao Continente. De Coimbra e de toda a comunidade intermunicipal.
Em 5 minutos encontrei uma prenda que me deixou satisfeito.
Às 17h15 estava numa fila com uma pessoa a ser atendida e duas pessoas na fila. Tinham carros de compras tipo pirâmide das necessidades, mas eram duas pessoas. As outras filas tinham todas 4 ou 5 pessoas.
O serviço estava lento, ou as quantidades eram imensas. Às 17h30 o senhor que estava à minha frente na fila estava a começar a colocar uma secção inteira do Continente no tapete rolante.
Quando o telefone toca.

Pergunta-me a voz indignada se sou o pai do Tiago. Afirmativo.
Pergunta-me a voz indignada se estava longe. Negativo. Na fila quase a ser atendido.
Pergunta-me a voz indignada se não sabia que a festa terminava às 17h00.
Balbuciei uma justificação …    …   ….17h30/18h00, mas…
O sangue foi todo não sei bem para onde…
É interessante sentir que podemos ter uma frequência cardíaca intensíssima, sem ser pela prática do desporto.

O senhor que estava à frente com a secção inteira do Continente, depois de se aperceber do telefonema, e vendo que eu tinha apenas um artigo na mão, deixou-me passar de imediato para a sua frente.

Paguei.

Obviamente, já não fui embrulhar o presente.

Levei um dos últimos sacos que não custava os 10 cêntimos.

Galguei as escadas rolantes  e fui a correr para o feijão verde.
Só pensava que o Tiago podia ficar aflito se todos já se tivessem ido embora.
Cheguei e dirigi-me aos pais do aniversariante a pedir mil desculpas, pois pensava que era até às 18h00. Tinha ido trabalhar e tinham-me dito que podia ir buscar o Tiago entre as 17h30 e as 18h00.

A mãe, mega atenciosa, disse que não havia qualquer problema; mesmo que tivessem que ficar lá fora à espera, não deixariam o Tiago sozinho.

O pai, híper compreensivo e até solidário, disse-me que também ouviu a menina que estava ao balcão dizer que podia ir buscar o Tiago até às 18h00.

Racionalmente, sabia que não deixariam o Tiago sozinho, tendo-o deixado a cargo dos feijões verdes, mas provocaram-me uma enorme taquicardia RATATATATATA RATATATATATA RATATATATATATATA!! Incontrolável… Parafraseando o Shreck, Xiça Penico!! Fui com má impressão do feijão verde. Soou mais a batata podre.

Não sei quais foram as causas, se stress de movimento inicial, se falta de comunicação interna, se novatos a atender ou outro. Sei apenas que foi um susto como é raro apanhar.
Na segunda feira seguinte, enviaram um e-mail a agradecer a presença com uma foto do grupo que esteve presente. Muito profissional e atencioso.

No entanto, já tinham a imagem estragada. Quando saí, pensei que nunca aceitaria outro convite para aquela batata podre. Hoje digo, nunca pode ser demais, mas não me apanham em falso, estarei ali ao lado a tomar conta. 
E se me perguntarem a opinião, não será muito positiva.

Como diriam os meus filhos, nas corridas até determinado objetivo, o último a chegar é uma batata podre.

É lamentável que procedimentos tão profissionais, como enviar posteriormente o mail agradecendo a presença com a foto do grupo, tenha sido estragados por um atendimento pessoal desastroso.

Neste momento, o feijão verde é uma batata podre. Está em último lugar nas preferências e não têm grande forma de causar uma primeira boa impressão. 

O voucher que deram no fim da festa?...

Foi de imediato para o lixo. Assim, não há tentações.

Sem comentários: